Setor pet movimenta economia com serviços que vão de creche canina a crematório animal na BA
14/09/2025
(Foto: Reprodução) Setor pet cresce em Salvador e movimenta economia com serviços 'diferentões' e geração de empregos
Freepik
O setor pet em Salvador apresenta forte crescimento nos últimos anos, impulsionado pelo aumento no número de animais de estimação e pela busca dos tutores por serviços especializados.
De acordo com o presidente do Sindicato dos Lojistas da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, a capital baiana já contabiliza mais de 2 mil estabelecimentos voltados ao mercado pet, entre lojas, pet shops e clínicas veterinárias, com um faturamento que segue em alta. De 19 a 21 de setembro, a cidade recebe a Expo Mundo PET, maior feira do segmento do Nordeste no Brasil.
“É um segmento que não para de crescer, mesmo em períodos de crise econômica. O setor pet está entre os que mais geram empregos e movimentam a economia local, porque envolve não apenas lojas, mas também veterinários, banhistas, tosadores e novos serviços”, destaca Motta em entrevista ao g1.
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O presidente do Sindilojas contabiliza 2.852 estabelecimentos do setor pet registrados em Salvador, a exemplo de pet shops, lojas, clínicas veterinárias. Em todo estado, são 21.681 pontos comerciais.
Além do crescimento no número de lojas, o setor tem sido responsável por ampliar a oferta de empregos diretos e indiretos em Salvador. A tendência é de que a expansão continue, acompanhando a elevação da renda destinada ao cuidado com os animais de estimação.
“O setor pet é hoje um dos mais promissores, e Salvador acompanha esse movimento nacional. A expectativa é de crescimento ainda maior nos próximos anos”, estima.
Inscrições abertas para a Expo Mundo PET, no Centro de Convenções
Na capital baiana, há 8.556 funcionários no setor pet, enquanto em toda a Bahia, 43 mil trabalhadores atuam no ramo.
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Creche para cães
Dona de creche canina em Salvador conta como é a rotina dos animais
O aumento da demanda também trouxe inovação. A empresária e nutricionista Ana Paula Canavarro, dona de uma creche canina em Salvador, conta que a ideia de abrir o espaço surgiu há nove anos. Ela é tutora de dois cães hiperativos e não encontrava um local adequado para deixá-los durante uma viagem que iria realizar.
"Eu comecei a pensar na ideia de um local onde a gente pudesse estimular e trouxesse conforto para os cães. Queria que eles pudessem exercer comportamentos naturais da espécie em um espaço urbano, que não gerasse tumulto.
Em entrevista ao g1, Ana Paula explicou que a ideia do espaço não é "gastar a energia dos cachorros", mas garantir bem-estar aos animais. Segundo a empresária, a "Au Au Creche Canina" não trabalha com superlotação e não devolve os animais exauridos aos tutores.
🕘 Ela contou que o check-in dos cachorros é feito entre 7h e 9h e, em seguida, começam as atividades para gasto de energia, que são intercaladas com ações de relaxamento, para que eles não fiquem superexcitados.
🕔 No período da tarde, eles passam por exercícios sensoriais e cognitivos. A partir das 16h, eles são liberados para o check-out e podem ficar brincando no espaço.
Ana Paula relatou que a creche conta com quatro pátios, onde os animais são divididos por tamanho e comportamento, além de ter uma turma específica para raças de cães com menos de 2 kg, como chihuahua e spitz alemão.
A empresária também ponderou que alguns animais ainda não estão prontos para estarem no espaço e, antes, precisam passar por adestramento. A medida é ideal para que eles se sintam confortáveis no ambiente.
"Precisamos que os tutores sejam participativos dentro da dinâmica da creche e respeite o horário, que entendam os motivos do porquê o cão está ali, não só por uma necessidade do tutor, mas pensando no bem-estar do animal".
Ana Paula Canavarro explicou que a ideia do espaço não é "gastar a energia dos cachorros", mas garantir bem-estar aos animais
Reprodução/Redes Sociais
Antes de abrir a creche, Ana Paula planejou a empresa por cerca de um ano e também estudou a viabilidade financeira do negócio. Segundo ela, o crescimento do número de creches na capital baiana acontece de forma descontrolada, sem conhecimento prévio na área, e isso acaba prejudicando o bem-estar dos animais e todo o segmento.
"Trabalhar com cães é muito difícil. [Para] Cuidar de mais de 20 cães, precisa ter um conhecimento técnico e precisamos ter animais muito bem avaliados para que aquele pátio seja harmônico para todos. Nosso maior desafio é conscientizar os tutores e manter a equipe engajada", ressalta a empresária.
Serviço de cremação pet
Tutores que optarem pela cremação individual podem colocar as cinzas dos pets em urnas
Bye Bye Pet
Outro ramo que vem ganhando espaço no setor pet é o de despedidas e homenagens para os bichinhos. O médico veterinário e empresário Bruno Lopes abriu um serviço de cremação animal na cidade de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS).
Ao g1, ele contou que ainda percebe resistência da população, que, em parte, acredita que as altas temperaturas são "agressivas".
"Eu sempre tentei explicar — com muita paciência —, para os meus clientes, que o fogo é o principal balizador do desenvolvimento do ser humano. [Serve] Para cozinhar alimentos, esterilização de equipamentos para evitar infecções... Acredito que devemos ter um olhar de agradecimento".
Para Lopes, o crescimento pela procura do serviço de cremação é decorrente do cenário em que, atualmente, as pessoas possuem cada vez menos imóveis em que é possível ou permitido sepultar os pets. "Antigamente era muito comum enterrar em quintais ou sítios de parentes. Com isso, as pessoas têm consciência de que a cremação é a melhor opção".
O crematório Bye Bye Pet oferece dois tipos de serviço: cremação individual ou coletiva.
⚱️ Na primeira opção, o tutor tem acesso às cinzas do seu bichinho de estimação e pode colocá-las em uma urna.
🕊️ Já na cremação coletiva, alguns pets são cremados juntos e os tutores recebem um certificado confirmando o serviço. O preço do serviço varia de R$ 280 a R$ 800.
"Essa cremação atende mais aos tutores que acham que ter as cinzas pode significar mais sofrimento ou simplesmente tem uma relação com o luto mais pragmática e apenas querem uma solução digna e ambientalmente mais correta", analisa o veterinário. Ele acrescenta que, quando necessário, encaminha o tutor para um acompanhamento psicológico especializado para que possa lidar com o luto.
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